BR-242 - Trecho: Lotes 1 a 4
Informações Gerais
Monitoramento e Fiscalização
Planejamento
Projeto
Licenciamento Ambiental
Avaliação de Impacto Ambiental (AIA)
Impactos Significativos
Condicionantes Socioambientais
Construção
Licenciamento
Impactos Significativos
Licença de Instalação (LI)
Condicionantes Socioambientais
Plano Básico Ambiental (PBA) da LI
Operação
Licenciamento
Fontes
A rodovia BR-242 – também chamada Rodovia Milton Santos – é um projeto de rodovia da década de 1970, cujo objetivo seria conectar a região Centro-Oeste do país ao estado da Bahia. O processo de pavimentação continua inconcluso. A retomada do plano de pavimentação da BR-242 no trecho monitorado por este observatório busca atender às atuais demandas logísticas da indústria agropecuária da região produtora do Centro-Oeste do país, especificamente no estado do Mato Grosso. Na bacia do Xingu, a rodovia localiza-se ao sul do Território Indígena do Xingu (TIX), distando desta TI em aproximadamente 12 km em trecho marcado pela presença de fazendas e elevados índices de desmatamento. Para efeitos de gestão da obra, o traçado da rodovia foi segmentado em 11 lotes, sendo que os 4 primeiros lotes já se encontram pavimentados (do município de Nova Ubiratã até Paranatinga). O projeto da rodovia já foi objeto de disputa entre o governo federal e o estado pela competência do licenciamento ambiental, ou seja, se seria o Ibama ou a Sema-MT o órgão responsável pelo licenciamento da obra. Em 2017 o Ibama tornou-se o órgão licenciador da BR-242, contudo, um trecho de cerca de 35 km da rodovia a leste do TIX é de responsabilidade do órgão licenciador estadual, pois foi aproveitada uma pavimentação já existente. Impactos Socioambientais. Os conflitos socioambientais enfrentados pelos povos indígenas devem ser ampliados com a implantação da obra, tais como a pesca ilegal, a grilagem de terras, a extração ilegal de madeira, o garimpo ilegal, as alterações no microclima regional, o uso extensivo de agrotóxicos e o aumento dos focos de calor. Mas o impacto mais grave está relacionada com a degradação das nascentes do rio Xingu e a perda de remanescentes florestais na região das cabeceiras da bacia. Adicionalmente impactos relacionados com o patrimônio histórico e arqueológico dos povos do alto Xingu não estão devidamente resolvidos. O trecho dos lotes 1 a 4, já pavimentado, termina próximo ao Complexo Arqueológico de Kamukuwaká, local rico em sítios arqueológicos de fundamental importância cultural e religiosa para os povos indígenas do Alto Xingu - mas que ficam fora dos limites do TIX. Kamukuwaká vem sendo gravemente depredado por não indígenas que acessam a região pela BR-242, causando degradação e ameaça ao Complexo Arqueológico. Mais informações sobre a caracterização arqueológica da localidade podem ser encontradas no Relatório de Salvamento Arqueológico. Momento atual. No trecho em questão, a construção de oito pontes é necessária para a operação da rodovia. Tendo o licenciamento ambiental sido reiniciado no Ibama, o DNIT contratou a empresa ECOPLAN para a realização do Estudo do Componente Indígena (ECI) e do Plano Básico Ambiental Indígena (PBAI) para os 11 lotes da rodovia, porém, ainda não se manifestou quanto à realização da Consulta Livre, Prévia e Informada (CLPI) acerca desses estudos. Próximos passos. Os 16 povos xinguanos discutiram os impacto da BR-242 em Reunião de Governança, em novembro de 2017. Entre os encaminhamentos da reunião, foi redigida uma carta na qual se posicionam sobre a obra, dispondo que o traçado deveria aproveitar estradas já abertas na região - evitando desmatamentos -, e ressaltaram que o traçado deve se afastar de Kamukuwaká para a proteção do Complexo Arqueológico. Por fim, reivindicaram o direito de CLPI, conforme a Convenção n.º 169 da OIT.